Não sei se você é abalado pelo noticiário da nova guerra. Também não sei se é uma nova guerra ou uma nova fase dela. Alguns dizem que a terceira grande guerra já começou. Convivemos com tantas guerras que, às vezes, elas podem cair em um lugar comum, como se fossem algo normal. Quando se inicia uma guerra? Certamente não é no primeiro bombardeio, mas, se fosse, ele já teria acontecido há algum tempo.
Pessoalmente, o noticiário dos últimos dias tem me tocado. As imagens podem parecer de videogames, mas são cidades reais, habitadas por pessoas de carne e osso. Não consigo deixar de me questionar sobre a irracionalidade de seres humanos que ocupam posições de liderança tão importantes. Quem deu a eles a autoridade de nos colocar em risco? Todo o mundo em risco? Algumas pessoas os colocaram onde estão, mas o risco é de todos. As ações e reações deles são humanas ou animalescas, no seu pior sentido? Quanto vale uma única vida? E milhões ou bilhões de vidas?
Minha mente me traz para o nosso dia a dia. No checkout, em um hotel, eu me sinto agredido e desrespeitado pelo tipo de atendimento. Faço valer os meus direitos? Deixo passar como se nada tivesse acontecido? Em uma ou em outra alternativa, estaria eu alimentando a violência? Por todos os lados, é impressionante a quantidade de conflitos, de discussões e de agressões. A violência é uma característica intrínseca do ser humano?
Mokiti Okada que, dentre outros estudos, pesquisou a saúde humana, afirma que todos nós apresentamos um tipo de febre na área da nuca e do pescoço, decorrente de um processo de purificação gradual de toxinas acumuladas. Essa febre, segundo ele, é imperceptível, mas nos mantém em um estado de constante irritação e propensos ao conflito. Sabemos que a irritação tem poder de irradiação e pode afetar muitas pessoas — nossos cônjuges, filhos, subordinados, pares, clientes e todos com quem convivemos ou influenciamos. Se ocupamos a posição de liderança de um país ou mesmo de uma empresa, podemos gerar danos incalculáveis.
Donald Trump declarou nestes dias que ainda não sabe o que vai decidir. Não sabe se vai atacar o Irã, mas diz que sua paciência está no fim. Como assim? A paz do mundo dependerá de seu estado emocional? Há ainda o primeiro-ministro de Israel e do outro lado, o aiatolá iraniano que ameaça com “danos irreparáveis para os EUA”, caso se envolva no conflito. Até onde eles podem ir, sem colocar em risco todos nós?
Voltando ao atendimento do hotel, ele me irrita, mas me contenho. Em seguida, a cobrança exagerada da tarifa dinâmica do aplicativo me faz sentir extorquido. Em seguida, o assento que havia reservado no voo é arbitrariamente modificado, sem qualquer explicação. Nesse momento, eu já estava em “modo guerra”, pronto a reagir a qualquer nova agressão (qualquer incômodo). Estaria eu, naquele momento, em uma frequência de atração de conflitos? Ou seria a tal febre que me fazia desejar cada vez mais fazer justiça com as próprias mãos?
A reflexão sobre o processo que acontecia em mim mesmo me fez, conscientemente, reagir de uma melhor maneira aos acontecimentos externos, sob os quais tenho uma limitada influência. Não tenho gestão sobre eles, mas posso tentar ter sobre mim mesmo. Nesse caso, parece que deu certo. A consciência me fez sair da frequência dos conflitos e da irritação. Muito rapidamente, tudo mudou e voltei a tratar bem o mundo e a ser mais bem tratado por ele. Sinto que, com isso, contribuo com uma frequência de paz, que também tem poder de irradiação.
Reflito, assim, que, na minha esfera de ação, influencio o todo, para o bem ou para o mal, o que me ensina novas coisas sobre guerras que nunca se encerram ou sobre a terceira grande guerra que nem sabemos se já começou. Antes que alguém diga: como é possível falar em felicidade em um mundo de tantas guerras, grandes e pequenas, me antecipo. É justamente por isso que precisamos construir felicidade conscientemente. O mundo, mais do que nunca, precisa.
E você? Como está lidando com as suas próprias guerras? No que você está influenciando a atmosfera do mundo? Frequência de paz ou frequência de guerra?
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