A pergunta do título deste artigo parece ilógica, não é mesmo? Sabemos que se o planeta Terra implodir e for dividido pelos mais de oito bilhões de pessoas, não haverá nenhum pedaço para ninguém. Não haverá nada a dividir. Estamos todos no mesmo barco chamado Terra, incluindo os mais céticos, que não acreditam que estamos em risco real.
Nesta semana fomos alertados pelo tornado na cidade de Rio Bonito e por uma extensa cobertura na mídia da COP 30 sobre a questão climática, que já não é uma ameaça, mas uma realidade. Muito se falou sobre o aquecimento global que já ultrapassou o 1,5 grau no ano passado. Falou-se dos “rios voadores” formados pela transpiração das florestas que, pelo desmatamento, são proporcionalmente reduzidos, provocando falta de chuva e de água. Descobrimos que não são os reservatórios que produzem água, mas as florestas.
Há os riscos derivados da guerra comercial entre os EUA e China, e das virulentas técnicas de negociação de Donald Trump, refletidas nos seus “vais e vens” nas tarifas de importação e outras medidas xenófobas para diferentes países. É o American first, que já inspirou outros países a seguirem o mesmo caminho, ainda que isso signifique uma relação de perde-perde, ao invés do desejável ganha-ganha.
Não é preciso falar nas guerras literais, atualmente, cerca de 120 no planeta. Mais do que um risco, há os que afirmam que a terceira grande guerra já começou e a hipótese de alguns dos “botões assassinos” serem apertados a qualquer momento é mais do que uma mera possibilidade. Rússia, Ucrânia, Irã, Coreia do Norte, China, Venezuela, Europa e EUA são apenas alguns dos personagens deste enredo, capazes de puxar todos os demais para o centro do palco.
Menciono também os riscos epidêmicos e o que a IA poderá representar futuramente para a humanidade, segundo os prognósticos de Stephen Hawking, a maior de todas as ameaças.
Sim, o planeta está em risco e, se ele for destruído, não haverá um pedaço nem para mim e nem para você. Mas e se pensássemos no inverso? Se partíssemos para construir protótipos de um novo mundo, um mundo de Felicidade, não apenas para alguns, mas para todos, qual pedaço caberia a cada um nesta construção?
Penso que o primeiro passo seria cada um puxar para si o pedaço ou pedaços que lhe cabem, ao invés de apontar o dedo para o que cabe ao outro. Isto é o que já temos.
Para mim, o primeiro pedaço que me caberia seria eu mesmo. Ser melhor do que sou, estar pleno e construir felicidade conscientemente, o que implica em desenvolver maneiras de pensar, de sentir e de agir nesta direção. Por si só isto impactaria outros pedaços, que também me cabem.
Um segundo pedaço seria o da minha família. Não apenas menciono o lar, mas a família. Quando enviuvei, por exemplo, morei quatro anos sozinho, mas não deixei de fazer parte de uma família. Quando me casei novamente, incorporei novos familiares. Filhas, netos, irmãos, enteados, sogros, cunhados e amigos próximos fazem parte deste pedaço que me cabe cuidar, contribuindo para que também construam a sua felicidade.
Posso pensar no meu papel profissional, como um grande pedaço que me cabe para construir um mundo melhor. É onde dedico a maior parte do tempo e onde busco contribuir para que pessoas e empresas sejam melhores e mais felizes. Todo o trabalho que realizo precisa estar relacionado com este objetivo, já que faz parte do que entendo ser a minha missão, assim como do meu propósito.
Poderia pensar no universo da igreja a que pertenço, dos lugares que frequento, dos serviços que recebo de diversos profissionais, como garçons, porteiros, professores e médicos, dentre outros, além de todas as pessoas que passam pelo caminho.
Não me cabe nenhum pedaço na destruição do planeta, mesmo que eu possa, indevidamente, contribuir para ela. Mas há muitos pedaços que me cabem na construção de um protótipo de um mundo melhor. Sou grato por ter esta consciência.
O que você pensa sobre isto? Qual o seu pedaço, ou pedaços, na construção de um novo mundo?
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